quarta-feira, 28 de novembro de 2012

UFERSA discute formação e protagonismo de jovens negros


Refletir sobre a formação e o protagonismo de jovens negros foi o foco dos debates da programação alusiva ao Dia da Consciência Negra, promovida nesta terça-feira, 27, pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). O evento reuniu a comunidade do ensino superior, da educação básica e dos movimentos sociais de Mossoró e Região no Campus Leste da UFERSA Mossoró.
“Discutir a formação e o protagonismo de jovens negros e negras passa por uma reeducação das nossas relações seja no âmbito educacional ou não. Por meio do protagonismo, esses jovens podem ser autores e sujeitos sociais de sua história. E esse protagonismo passa pela igualdade de oportunidades”, frisou a professora Ady Canário, responsável pela organização do evento, juntamente com a professora Maria Goretti Filgueira, da Educação Básica de Mossoró, o administrador da UFERSA, Júlio César Rodrigues de Sousa, e com a participação dos estudantes do Grupo PET Conexões Linguagem – Comunidades do Campo, do Campus de Angicos.
Na abertura do evento, o vice-reitor da UFERSA, o professor Francisco Odolberto de Araújo falou sobre a importância da integração racial e cultural para a construção de um Brasil mais plural. “A UFERSA se sente honrada em sediar um evento dessa magnitude, quando estamos em um momento de transformação social e cultural tão importante neste país onde a população precisa buscar uma identidade integrada, multirracial e étnica, pois o Brasil só será forte e grande quando pensarmos de forma coletiva”, enfatizou.
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de Novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a construção da identidade e a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. “A importância do dia 20 é rememorar a luta da população negra na figura do Zumbi dos Palmares e também em relação ao combate ao racismo, preconceito ainda vigente na sociedade. No contexto educacional, a gente traz à lembrança as políticas afirmativas em relação a essa população”, acrescentou a professora Ady Canário.
Apesar dos desafios e preconceitos ainda existentes, algumas conquistas já foram alcançadas como a inclusão de disciplinas e conteúdos nas escolas brasileiras que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira. Outro importante passo a ser dado é a maior inserção dos jovens negros na universidade e no mercado de trabalho, temática que foi discutida na Roda de Diálogo "Formação e protagonismo de jovens negros e negras”, com a mediação do administrador Júlio César Rodrigues de Sousa, a participação do Educador de Capoeira Almino Santos da Silva; do Jornalista e Pesquisador em Estudos da Mídia William Robson; do Cientista Social Heriberto Sousa e da Professora Ady Canário.
Trazendo à tona dados do IBGE sobre a realidade dos jovens negros no Brasil, o Cientista Social Heriberto Sousa afirmou que, atualmente, dos 11 milhões de jovens negros brasileiros com a faixa etária entre 18 a 24 anos, cerca de 6% são analfabetos, taxa três vezes maior do que a de jovens brancos. Sousa também afirmou que a maior desigualdade acontece na entrada no ensino superior. “Enquanto 16% dos brancos entram na universidade, apenas 4% dos jovens negros estão matriculados no ensino superior. Então, se eu não consigo formar os jovens como eles irão acessar o mercado de trabalho que está cada vez mais exigente?“. O cientista social ainda afirmou que não há uma política de Estado para os jovens, mas sim políticas de governo que são pontuais e esporádicas.
RODA DE CULTURA - A integração, coletividade e o protagonismo juvenil foram ressaltados pela realização de roda de cultura, mediada pela professora Goretti Filgueira, e que contou com a participação dos jovens do Grupo Legião Brasileira de Capoeira, e do Grupo de Hip Hop - The Crazy Dance, que fazem parte do Grupo de Mulheres em Ação, do bairro Nova Vida.
Após 300 anos de história no Brasil, a capoeira foi reconhecida em 2008 como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Símbolo da cultura afro-brasileira, a arte marcial foi representada por 13 jovens do Grupo Legião Brasileira de Capoeira que se apresentaram sob a coordenação do arte-educador Almino Santos da Silva.
Já o Hip Hop surgiu como uma forma de manifestação das comunidades jamaicanas e afro-americanas da cidade de Nova Iorque e possui três vertentes: o rap, o break e o grafite. No evento, o movimento foi representado pela performance do Grupo de Hip Hop - The Crazy Dance que é conduzido pelo professor Reginaldo Santos. Para o dançarino do grupo, José Welder Oliveira, participar do movimento mudou o seu cotidiano. “Antes eu não tinha nada para fazer, ficava de casa para a escola, e agora minha vida está melhor porque estou aprendendo muitas danças e vários ritmos”.

 

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